quarta-feira, 21 de julho de 2010

Nova Ortografia: Aderlan Messias (professor)

 
                                                                                   
No dia 1º de janeiro de 2009 entrou em vigor no Brasil o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Esse fora determinado pelos países lusófonos, ou seja, os que têm a Língua Portuguesa como idioma oficial, são eles: Brasil, Portugal, Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Guiné-Bissau que formam a CPLP1.

O objetivo do acordo ortográfico é atender às aspirações a uma grafia única, em que as diferenças sejam reduzidas ao mínimo, pois quanto maior o número de “usuários” regulares da linguagem escrita, maior também a necessidade de se chegar a formas consensuais para grafá-la. Assim, a produção científica dos países lusófonos vai poder ser veiculada mais facilmente, criando um bloco mais coeso na política global.



Há que se notar que tais mudanças restringem-se à língua escrita (regras no uso do hífen, extinção do trema, incorporação das letras k,w e y ao alfabeto português, bem como alteração na acentuação de vocábulos) não afetando nenhum aspecto da língua falada, permanecendo os sotaques, a sintaxe, as características lexicais e regionais. Elas não eliminam todas as diferenças ortográficas nos países que têm a Língua Portuguesa como idioma oficial, mas é um passo em direção à pretendida unificação ortográfica desses países.



É interessante ressaltar que Portugal, por ser o berço da Língua Portuguesa, julgou-se na autonomia de alterar a escrita por algumas vezes, ainda que sem a chancela dos países lusófonos. No Brasil, não foi diferente. Em 1943, época do Estado Novo, a gramática passou por reformas. O presidente Getúlio Vargas, por sua decisão, eliminou inconsistências e unificou internamente a ortografia. Em 1945 Portugal propôs outra reforma que eliminou o trema e outros acentos que agora vão cair aqui no Brasil. Somente em 1971 o acordo teve sucesso entre Brasil e Portugal.



A Língua Portuguesa, até então, era a única língua que possuía duas grafias diferentes, sendo aproximadamente a sexta língua mais falada no mundo por 235 milhões de falantes.



Para o egrégio professor Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras, em uma entrevista dada à revista Veja, em 31 de dezembro de 2008, afirma que este é um lacunoso acordo ortográfico, ou seja, não há logicidade em algumas modificações, a exemplo do uso do hífen. Para ele, só haveria necessidade no uso do hífen quando ao juntar dois termos a pronúncia saísse errada. Um exemplo é de sub-região. Sem hífen, o desavisado poderia ler su-bregião. Se, com a junção, a pronúncia não mudar, nada de hífen.



Afirma ainda que seria mesmo lindo, fácil e coerente se isso acontecesse, mas diz: “Vai mesmo acontecer? Ora, tenhamos um pouco de fé e bom senso dos acadêmicos daqui (Brasil) e de lá (Portugal). E o bom senso, enfatize-se, nunca precisou de hífen para ser bom.” Evidencia-se que o uso do hífen é problema mal resolvido, com casos em discussão na ABL2, mas o que vale mesmo são as regras.



Diante de tais novidades, é natural que se leve um período para incorporá-la à rotina. Dessa forma, o prazo para adaptação definitiva ao acordo no Brasil expira em dezembro de 2012. Até lá, serão aceitas as duas normas em vestibulares, provas e concursos públicos. Mas, em diário oficial e jornais, assim como demais áreas, janeiro de 2009 foi o marco para o início das novidades e, para que haja aprendizado desta nova ortografia, é necessário o uso da memória visual e manual, bem como de muita leitura.


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