quarta-feira, 21 de julho de 2010

Caos na saúde pública de Wanderley continua sem resposta, por Aderlan Messias de Oliveira

CAOS NA SAÚDE PÚBLICA EM WANDERLEY CONTINUA SEM RESPOSTA


 



Caro e nobre gestor, é carregado de decepção e não de ódio e rancor, como o senhor intitula, que externo em relação à Administração Pública do município de Wanderley. É triste admitir que a pessoa quem a gente elege e deposita total confiança para nos representar esquece dos discursos políticos feitos em época de campanha. A exemplo dos fatos apontados na matéria anterior “Descaso com a saúde no município de Wanderley” edição 72, de 18 de abril de 2010 vejo que continua sem resposta (porque não há resposta convincente), apenas ataca-me de ignorante e que sou contra os cidadãos de Wanderley. Impostura!!! Qualquer pessoa de discernimento jamais diria isso.

Não sei o que Vossa Senhoria define como ignorante. Segundo o dicionário Aurélio, “ignorante é a pessoa que não tem instrução e que não sabe de nada.” Ora, o ignorante não esquece dos discursos políticos em época de campanha. Esquece? Nem o cidadão mais humilde esquece, apenas não tem como exigir seus direitos, pois muitas vezes é perseguido e punido por isso.

Afirmações do tipo “esta pessoa não tem compromisso com a população de Wanderley, (...) um absenteista frustrado, ou um desterrado sem horizonte” não compete a mim, nobre gestor. É justamente por amor à minha terra, às pessoas, aos amigos e familiares que residem nesta cidade que tomei a iniciativa de manifestar-me, posto que muitos gostariam de fazê-lo, mas por motivos até justos, não podem. Isso é descompromisso? Querer o bem de minha cidade e das pessoas não é descompromisso!

É uma aberração, nobre gestor, dizer, ainda, que sou um absenteista frustrado ou um desterrado sem horizonte. Uma pessoa frustrada e sem horizonte, filho desta terra, de pessoas humildes, não chegaria onde cheguei; não sairia da zona rural (professor) para a universidade (professor); não cursaria Letras e muito menos estaria no penúltimo ano do curso de Direito, tampouco se tornaria professor universitário. Uma pessoa frustrada, desterrada e sem compromisso, nobre gestor, não receberia convites da vossa gestão para ministrar cursos de capacitação aos insignes docentes em anos consecutivos. Uma pessoa frustrada, nobre gestor, nem sequer chegaria a realizar seus objetivos. E eu os realizei. E digo, fui muito mais além do que previa. Então, nobre gestor, a minha maior frustração nestes anos foi ter levantado “a bandeira” e ter feito campanhas políticas dando um voto de confiança a um homem que considero humilde, batalhador e guerreiro; culto, instruído de conhecimentos, mas vejo que tais predicativos não agregaram ao político que é hoje, que deveria prezar pelos princípios da administração pública, como prevê a Carta Magna, no seu artigo 37, caput.

Mais uma vez o nobre gestor, incoerentemente, e por não ter justificativas plausíveis para desmentir as acusações feitas acerca do caos em que se encontra a saúde de Wanderley, pois é fato, julga-me constantemente, dando a entender que de “vítima, passo a ser réu”. Como Vossa Senhoria mesmo mencionou “o gestor comunitário, para cumprir os ditames constitucionais que regem a comuna, tem certamente o dever e a obrigação de atender de maneira participativa e democrática a todos os indivíduos da sociedade.” Acontece que tal obrigação, como explicitado na matéria anterior, não ocorre. É natural pacientes que esperam localizar motorista de ambulância (o que resta da ambulância) e não aparece? É natural uma paciente ficar entre a vida e a morte porque no hospital não tem anestesia? Esses casos não são denúncias infundadas. É fato!!! Pena que o nobre gestor não explicitou acerca destes casos, apenas arguiu que fiz alusões individualistas, como se ‘minha prima’ e ‘minha melhor amiga’ não fossem cidadãs e que essas não fizessem parte do coletivo. Tal colocação contradiz o artigo 196 da Constituição Federal “a saúde é direito de todos e dever do Estado.” E ainda refere-se a mim como um burro de charrete. Um burro de charrete é guiado pelo seu domador e está aqui a prova de que não sou, muito menos despojado de senso de ética e respeito ao próximo. Desrespeito ao próximo é ser negligente para com a saúde pública.

Agradeço ao senhor gestor (prefeito) e também a gestora (secretária) da saúde pelo convite chancelado em participar de discussões, debates que versem sobre políticas públicas do Estado. Peço apenas que faça esse convite à população wanderleense, e não a mim, isoladamente. O nobre gestor mesmo apontou que o seu papel não é resolver fatos isolados, individuais, e sim, que atende as necessidades do coletivo. Com isso pode livremente mostrar ao povo desta terra os verdadeiros e reais zeladores pelo bem-estar de seus filhos.

Dado o exposto, verbero as colocações indelicadas e desconexas do nobre gestor ao afirmar que lanço flechas contra o povo de Wanderley, e, ratifico que em momento algum difamei o município e, muito menos a população que é tão vítima do processo político atual quanto eu, já que sou um absenteista, como julga. Outrossim, dizer que minha formação ‘profissional’ foi prejuízo para os cidadãos de Wanderley é muita ousadia. A título de informação, fiz universidade pública e, apenas com esforços de meus pais e minha força de vontade tornei-me o profissional que hoje sou. No entanto, não deixo de registrar que já houve gestor anterior que sempre se preocupou com a formação acadêmico-profissional, incentivando os jovens com bolsas de estudos, bem como a saúde não passava por problemas como perceptíveis agora. Procure seguir os bons exemplos. Fica a sugestão. Ainda há solução. O nobre gestor ainda pode fazer muito por esta terra.

Aderlan Messias de Oliveira

wanderleense

Matéria publicada no jornal do São Francisco em 20 de maio de 2010.

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